Antes de continuar a falar sobre o sistema de defesa dos nossos atletas contra as infecções vamos relembrar como estas infecções atacam? Pois bem, os agentes causadores das infecções são muitos, eles estão espalhados aos milhões, em todos os lugares onde você possa imaginar, no chão, na água nos alimentos e principalmente no ar, onde podem alcançar qualquer lugar, muitos não sobrevivem muito tempo fora do organismo, mas os que conseguem, se transformam nas suas formas de resistência que podem ser os esporos e oocistos, que em alguns casos podem durar anos aguardando que encontrem o ambiente ideal para eclodir e se multiplicar, mas apesar de haverem milhões à nossa volta eles pertencem a algumas classes específicas que são as bactérias, os fungos, os vírus, e os protozoários, que vamos chamar aqui de microrganismos, tornando o trabalho do sistema de defesa mais simples.
Sendo assim o caminho de acesso desses agentes infectantes pode ser basicamente através da pele, ou algum ferimento, e pela via digestiva, então uma boa higiene corporal e preparo dos alimentos já são o suficiente para eliminar quase todos os agentes infecciosos que possam tentar invadir nosso corpo, os poucos que conseguem sobreviver são facilmente destruídos pelo nosso sistema de defesa.
O problema é quando por algum descuido, ou falta de higiene, permitimos que uma quantidade muito grande de agentes infecciosos entre no nosso organismo, neste caso no organismo dos nossos pombos, assim o sistema de defesa fica sobrecarregado, e sozinho não consegue acabar com a infecção, dando início a uma luta contra o tempo.
Vamos então voltar para comparar qual é a diferença de resposta entre o sistema imune inato e o sistema imune adaptativo e também a diferença de resposta entre a primeira vez que o organismo é invadido por uma infecção e a segunda.
No quadro ao lado vemos o sistema imune inato que é o primeiro a entrar em ação, onde a pele e as mucosas formam a primeira barreira e os Neutrófilos e Macrófagos, que nós comparamos com os índios no artigo anterior, complementam o trabalho devorando os invasores, todo esse processo não leva mais que doze horas para acontecer.
Agora, se a quantidade de invasores for muito grande, ou eles forem altamente especializados, os Neutrófilos e Macrófagos não darão conta do recado.
É aí então que entram em ação os Linfócitos, que fazem parte do sistema imune adaptativo, eles são os responsáveis por capturar alguns dos invasores, como podemos ver no quadro seguinte, e identificar os seus pontos fracos, depois de identificada a arma para combater o inimigo, os Linfócitos se multiplicam aos bilhões, e se transformam nos Plasmócitos que irão produzir em massa clones do anticorpo, aqueles que nós chamamos de supersoldados.
Lembra que eu falei que eles enviam a informação para o comando central, pois então, são eles mesmos quem se transformam no comando central e fabricam os supersoldados, é por isso que os chamamos de “clones” assim o trabalho fica mais fácil e eficiente, concorda?
Mas repare que no primeiro quadro o tempo está marcado em horas enquanto no segundo está em dias. O problema aqui, como eu disse antes é que os linfócitos levam cerca de cinco dias para capturar, analisar e identificar a arma que irá usar contra o invasor para começar a se multiplicar, depois são mais cinco dias até que a produção dos clones de supersoldados fique pronta, nisso já se passaram dez dias, o que em alguns casos, dependendo da força da infecção pode já ter sido tarde demais para o pombo. É aqui que nós ficamos entre a cruz e a espada, e alguns medicamentos sendo utilizados de forma correta podem fazer toda a diferença.
Mas antes ainda de falar em remédios, vamos continuar nosso tema. Vamos supor aqui que nosso pombinho tenha conseguido sobreviver e se recuperar, no caso desta infecção tentar atacar o pombo novamente, o sistema de defesa inato irá reagir da mesma forma como da primeira vez, porém o sistema de defesa adaptativo já terá todas as informações necessárias para combater este mesmo invasor e imediatamente ao reconhecê-lo irá acionar os anticorpos específicos contra ele, isso mesmo, aqueles supersoldados de que falamos, em número muito maior e em tempo muito mais rápido que a primeira vez, como podemos verificar no gráfico a seguir.
Pensando assim o pombo teria que ficar doente de cada tipo de infecção diferente, para adquirir imunidade contra cada uma delas, olha só que transtorno! Isso significa também que não adianta colocar nosso pombinho em uma redoma, protegido de todas as doenças, afinal, no decurso de sua vida ele vai andar nos locais mais inóspitos, e se misturar com uma infinidade de outros pombos e animais, vindos dos lugares mais variados, e o que é pior, geralmente vai estar em locais altamente superlotados, que segundo os especialistas são os locais mais propícios para uma contaminação em massa.
Mas o que devemos fazer então? Como podemos ativar este tipo de defesa nos nossos pombos? Uma das respostas está nas vacinas, para este caso a Federação Columbófila Brasileira já está produzindo um calendário de vacinas, que em breve já estará disponível e você também terá acesso aqui assim que ficar pronto.
Outra forma, e que é natural, é permitir que os pombos tenham acesso desde jovens à estas enfermidades, simplesmente não transformando o ambiente do pombal em um ambiente hospitalar, pois elas estão em todo o lugar e praticamente não há como fugir delas, entretanto não se deve descuidar da limpeza e dos cuidados básicos, principalmente uma alimentação balanceada e bem equilibrada, afinal este sistema só se torna eficiente se a contaminação for em pequena escala ou por agentes infecciosos inativos, como é o caso das vacinas.
Agora lembre-se, se você vai induzir algum tipo de auto vacina, utilizando material contaminado de outro pombo, use o mínimo possível de material infectante, afinal quanto mais invasores mais difícil para o organismo reagir e se recuperar, pois basta apenas alguns exemplares do agente infectante para que a resposta imune crie a defesa para o resto da vida do animal e na ponta de um alfinete contaminado pode haver milhões de agentes infectantes.
Agora sim, daqui por diante posso começar a falar sobre medicamentos, mas principalmente, quando não devemos usá-los ok, até a próxima.
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